quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Exportação tipo Brasil - De olho em Rio16

De vários anos para cá, vimos diversos brasileiros em diversas modalidades se aventurarem por solos estrangeiros para treinar, viver e disputar torneios do esporte em questão. É o caso de jogadores como Kaká, do futebol, que trocou São Paulo por Milão e hoje se encontra em Madrid; Giba, do vôlei, morou por vários anos na Rússia. No badminton, não foi diferente: Em 2008, Daniel Paiola se mudou para Portugal para treinar na Ilha da Madeira, em busca de uma vaga inédita nos Jogos Olímpicos de Londres-2012. De 4 anos para cá, Paiola rodou o globo. Jogou dois campeonatos mundiais (França em 2010 e Inglaterra em 2011), passou por países como África do Sul, Estados Unidos, Espanha, Marrocos, Colômbia, Ilhas Mauricio, entre outros. Com alguns títulos e bons resultados em torneios ao longos desses anos, a bandeira do Brasil se tornou uma constante no circuito mundial.

Mas a ideia de representar o Brasil em uma edição dos Jogos Olímpicos felizmente não é exclusividade do Daniel. Outros atletas brazukas estão indo mundo afora para treinarem, buscando resultados positivos e na esperança de uma vaga nos jogos do Rio de Janeiro 2016. Na sexta-feira(10 de fevereiro) fiquei sabendo que meu companheiro de clube, Alex Tjong, vai se mudar para um país que é uma das maiores potências do badminton mundial: A China, na cidade de Guangzhou. Meu chará Filipe Toledo, da Academia São Paulo de Badminton se mudará para a República Tcheca junto com a Yasmin, da Fonte São Paulo, que atualmente mora na Malásia.

Conversando com o Toledo, deu pra notar que quem crescer aqui no Brasil tem que ter a famosa 'bala na agulha'. Por que? Porque se não temos material humano como bons sparrings para competir com os 'gringos', temos que ir para o exterior. "Para me preparar para os jogos do Rio de Janeiro, em 2016, vou começar este ciclo na Europa, onde vou ficar por 3 meses, treinando na República Tcheca e também jogarei alguns torneios internacionais em países como Áustria, Croácia, Polônia, Romênia e possivelmente na Finlândia também." E por que a República Tcheca? "No ano passado, durante o Brazil International, recebi um jogador de lá, o Jan Frölich, na minha casa. Depois de muita conversa, chegamos ao assunto das Olimpíadas e falei pra ele que meu sonho é jogar este torneio. Foi quando ele me convidou e eu topei na hora."Perguntei pra ele sobre o investimento. A resposta é como já imaginava: Viagem paga com dinheiro do próprio bolso e sem nenhum incentivo do governo. Vale lembrar também que ele foi campeão na categoria Dupla Masculina da edição do Torneio Nacional que aconteceu em Campinas/SP em 3 e 4 de dezembro do ano passado junto com o Thomas Moretti, onde a dupla vencedora poderia pedir o benefício Bolsa Atleta. Nesse caso, o pedido já foi feito e como disse o Filipe, consta como documentação atendida e só.

Ao todo, nas minhas contas, são 4 brasileiros se aventurando por aí. Quem agradece é o esporte, como um todo, que cada vez mais conta com brasileiros levando o verde e amarelo para o mundo, mostrando que o Brasil não é só samba, mulatas e futebol.

E por que esse êxodo? A resposta para alguns é óbvia, para outros, nem tanto. Há quem diga que o Brasil tem grande capacidade técnica para aperfeiçoar os nossos atletas. E eu concordo com isso. Porém concordo a longo prazo, pois enquanto tempos poucos técnicos com excelente capacitação técnica neste Brazilzão, o número de pessoas que tratam o badminton com pouco interesse é grande. Mas essa é uma outra conversa para uma outra hora.

Enfim, vocês entenderam. Se não, deixo aqui a minha linha de pensamento: Estamos a 4 anos de Rio16. Existe um abismo de diferença técnica, física, mental entre os atletas tanto da Europa e Ásia com atletas de outros países, inclusive o nosso. Os atletas não podem fazer planos a curto prazo, então, a opção mais adequada é optar por medidas drásticas, como ir treinar em grandes polos do esporte, como países destes continentes, que são referência, para correr atrás do tempo perdido e tentar uma classificação para a edição de 2016 dos Jogos Olímpicos.

Para não dizer que só estou criticando a falta de investimento nos atletas nacionais, vale lembrar que em 2011 quatro atletas e o treinador da Seleção Brasileira de Badminton viveram por sete meses na Malásia, onde o esporte é paixão nacional e conta com representantes nas primeiras posições do ranking mundial nas cinco modalidades. Lá fizeram treinamentos intensos com grandes técnicos e puderam saber como funciona o badminton na Ásia.

Deixo aqui meu desejo de boa sorte e muito sucesso para os que estão indo mais uma vez para fora (Alex e Filipe) e para os que já estão por aí (Daniel e Yasmin). Sei que a vontade de representar o Brasil em uma Olimpíada realizada em solo brasileiro é muito maior do que qualquer coisa. Não abaixem a cabeça e sigam firme com o sonho de vocês.

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